24 novembro 2009

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

7 comentários:

  1. Muito Legal! Inspirador!

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  2. Oee...24/11/09

    Oiee...
    que lindo... amo isso...

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  3. Silvana24/11/09

    Parabens pelo seu blog Edson Valerio. Cada dia mais inspirador e os textos apresentados sempre de boa qualidade. Parabens

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  4. Anônimo24/11/09

    Este texto é tudo de bom...tudo de bom mesmo!!!!!!!

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  5. Quem lê isso aí é você mesma e mais algum desavisado que chega de mansinho e de surpresa, de acidente nesses cliques da vida.
    Texto M A R A V I L H O S O, não me envergonho ao dizer que "quase" chorei. Não conheço quase nada do autor, e não sabia o quanto ele era impressionantemente bom até ouvir a musica "a lista", conhece?
    Parabens pelo otimo texto que, mesmo nao sendo teu, me trouxe aqui. E creio, deve te refletir.
    Beijos e ate uma proxima visita

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  6. Valmir24/11/09

    que o medo não paralise. até porque quando conscientes da força, a força cresce.
    votos de bom final de ano , desde já...

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  7. Anônimo24/11/09

    Foi bom encontrar.mais uma vez este texto
    Estou feliz...parabens pelo blog

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