... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi.
E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também.
Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.
Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar.
Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar.
Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja.
Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.
Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice Lispector
Lindo e sentido texto de Clarice Lispector.
ResponderExcluirBonita postagem
Parabéns Edson....
Me identifiquei com esse texto em vários pontos...
ResponderExcluirUm bj enormeeee pra vc!
Já li esse livro da Clarice… maravilhoso.
ResponderExcluirNa minha humilde opinião: o melhor. Acho que porque o li extamente na hora certa
LINdo o seu blog Edson Valerio. Nao o conhecia. Agora vou virar fã de carteira também aqui..rsrs
ResponderExcluirCriativo, expressivo, falando com a alma… Sua sensibilidade é linda, pois traz textos maravilhosos
Beijos !
Isabela
Quanto a audácias de buscar sonhos, a desafios e a reações aos “apesar de” da vida, por mais fundo que esses assuntos me toquem, por mais poética que considere a maneira como os apresentou, eu não vou falar nadinha… Medo de mim!
ResponderExcluirUltimamente me sinto como a perfeita encarnação do velho ditado popular “quem anda de boca aberta, ou entra mosca, ou sai asneira”.