17 novembro 2009

Beijo eterno


Quero um beijo sem fim,

Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com o teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormida em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!
De arrebol a arrebol,
Vão-se os dias sem conto! e as noites, como os dias,
Sem conto vão-se, cálidas ou frias!
Rutile o sol
Esplêndido e abrasador!
No alto as estrelas coruscantes,
Tauxiando os largos céus, brilhem como diamantes!
Brilhe aqui dentro o amor!
Suceda a treva à luz!
Vele a noite de crepe a curva do horizonte;
Em véus de opala a madrugada aponte
Nos céus azuis,
E Vênus, como uma flor,
Brilhe, a sorrir, do ocaso à porta,
Brilhe à porta do oriente! A treva e a luz - que importa?
Só nos importa o amor!
Raive o sol no Verão!
Venha o Outono! do Inverno os frígidos vapores
Toldem o céu! das aves e das flores
Venha a estação!
Que nos importa o esplendor
Da primavera, e o firmamento
Limpo, e o sol cintilante, e a neve, e a chuva, e o vento?
- Beijemo-nos amor!
Beijemo-nos! que o mar
Nossos beijos ouvindo, em pasmo a voz levante!
E cante o sol! a ave desperte e cante!
Cante o luar.
Cheio de um novo fulgor!
Cante a amplidão! cante a floresta!
E a natureza toda, em delirante festa,
Cante, cante este amor!
Rasgue-se, à noite, o véu
Das neblinas, e o vento inquira o monte e o vale:
"Quem canta assim?"
E uma áurea estrela fale
Do alto do céu
Ao mar, presa de pavor:
"Que agitação estranha é aquela?"
E o mar adoce a voz, e à curiosa estrela
Responda que é o amor!
E a ave, ao sol da manhã,
Também, a asa vibrando, à estrela que palpita
Responda, ao vê-la desmaiada e aflita:
"Que beijo, irmã!
Pudesses ver com que ardor
Eles se beijam loucamente!"
E inveje-nos a estrela... e apague o olhar dormente,
Morta, morta de amor!...
Diz tua boca: "Vem!"
"Inda mais!" diz a minha, a soluçar...Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morro por teu amor!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Olavo Bilac

6 comentários:

  1. am com o mesmo anseio,
    Com o mesmo ardente amor!
    Diz tua boca: ....Vem!
    Inda mais! diz a minha,
    a soluçar... Exclama
    Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
    Morde também!
    Ai! morde! que doce é a dor
    Que me entra as carnes, e as tortura!
    Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
    Morto por teu amor!
    Quero um beijo sem fim,
    Que dure a vida inteira e
    aplaque o meu desejo!

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  2. Anônimo17/11/09

    Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só."
    obrigado pro ser nosso amigo

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  3. Anônimo17/11/09

    " Enquanto nao soubermos perdoar,nao seremos livres para submeter-nos
    á pratica do bem, segundo as leis de Deus."
    Francisco Candido Xavier

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  4. Beijar de língua, trocar saliva, sentir o sabor da pessoa desejada. Sim, você tem razão é muito, muito delicioso.

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  5. humm que vontade !!!
    pena que nao tenho ninguem
    :(

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  6. Anônimo17/11/09

    Quero um beijo sem fim,
    Que dure a vida inteira e aplaque meu desejo!
    Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo.
    Beija-me assim!
    O ouvido fecha ao rumor
    Do mundo, e beija-me, querida!
    Vive só para mim, só para a minha vida,
    Só para meu amor!

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