21 outubro 2008

O Falso Amor -

A Júlia bebeu veneno porque o Pedro terminou o noivado”. Júlia e Pedro são nomes fictícios de um caso real ocorrido no interior do Paraná nos anos 70. Tragédias como essa sempre ocorreram. No passado, não era raro ouvir relatos de pessoas que morreram por amor. Jovens preferiram acabar com a própria vida a viver sem o amado ou a amada. Muitos também foram os casais que decidiram morrer diante da impossibilidade de viverem juntos. Shakespeare eternizou essa fatalidade em Romeu e Julieta.
Mas o suicídio não era e não é a única forma de morte relacionada ao amor.
Em nome do amor também se matava e ainda se mata. Na antiguidade como nos dias atuais, muitos tentam justificar casos monstruosos em nome desse sentimento.
O homicídio da menina Eloá Cristina Pimentel, em Santo André, pode servir de exemplo de como o amor é usado para dar razão a um fato irracional.
Por mais absurda que possa ser, há adolescentes, jovens, adultos e idosos que tendem a “aceitar” essa idéia. “Ele a amava tanto que seria capaz de tudo”, comentou uma colega de escola de Eloá em reportagem publicada em sites dos grandes jornais.
A violência em nome do amor, em um passado não muito distante, era respaldada até na lei. Quantos maridos traídos tiveram a pena abrandada ao alegar na Justiça que matou a esposa em defesa da própria honra?
No caso da menina Eloá, ao se tentar colocar a culpa na polícia, mesmo que de forma subconsciente, há a intenção de inocentar, em parte, Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos.
O ex-namorado de Eloá sabia sim o que estava fazendo. Ele não é nenhuma criança. Não se sustentam os argumentos de que ele era trabalhador, bom rapaz e outros elogios.
O que Lindemberg sentia por Eloá não era amor. Era, sim, um sentimento doentio. O amor não pode estar relacionado ao mal.

Sartre dizia que o ato de amor é uma tênue conquista, que se refaz a cada momento. Para ele, de um lado, o amor é uma história de respeito à liberdade do outro. De outro lado, é uma busca contínua de fazer respeitar a própria liberdade.
Um dos livros mais interessantes sobre o amor é O Banquete, de Platão (428/27 – 347 a.C.). Na obra, alguns antigos atenienses tentam explicar porque o amor exerce tanto poder sobre nós. Um dos trechos admiráveis desse livro pode explicar porque o amor não deve justificar atos de impiedade:
“Sobre a virtude de Amor devo falar, principalmente, que Amor não comete nem sofre injustiça, nem de um deus ou contra um deus, nem de um homem ou contra um homem. À força, com efeito, nem ele cede, se algo cede – pois violência não toca em Amor – nem, quando age, age, pois todo homem de bom grado serve em tudo ao Amor, e o que de bom grado reconhece uma parte a outra, dizem ‘as leis, rainhas da cidade’, é justo. Além da justiça, da máxima temperança ele compartilha. É com efeito a temperança, reconhecidamente, o domínio sobre prazeres e desejos; ora, o Amor, nenhum prazer lhe é predominante; e se inferiores, seriam dominados por Amor, e ele os dominaria, e dominando prazeres e desejos seria o Amor excepcionalmente temperante”.
O amor é temperança. E não crueldade, como ocorreu com Eloá.
Lindemberg deve ser julgado com todo o rigor da lei. Apesar de a punição não devolver a vida de Eloá.
O texto é de autoria do Célio Martins.
E retratou de forma tão clara o que penso que o trouxe aqui. Amor é tudo de bom...é amor...jamais ódio.

Um comentário:

  1. Anônimo18/12/09

    PALAVRAS CERTA!
    INFELISMENTE MUITAS PESSOAS UZA O SENTIMENTO AMOR PRA JUSTIFICAR UMA AÇAO MALDOZA!
    AMOR SIGNIFICA CARINHO AFETO RESPEITO E CUIDADO...
    QUERER VER A PESSOA BEM POR MAIS QUE NAO SEJA COM PROPRIO.
    ASS- CRISTIANE

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