Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual, cada um de nossos movimentos é mostrado, sem a mínima piedade.
Muita gente está assustada com a possibilidade de se envolver e perder a liberdade conquistada. De um lado as mulheres buscam homens mais compreensivos, de outro, os homens querem mulheres menos possessivas.
O fato é que, se queremos viver um relacionamento gostoso, porém verdadeiro, seja no casamento, namoro, ou em poucas horas, devemos aprender a nos aceitar como somos e olhar para o companheiro como um caminho para o crescimento.
Estar com alguém plenamente, é a possibilidade de vencer o medo da entrega e de se conhecer no íntimo.
Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual, cada um de nossos movimentos é mostrado, sem a mínima piedade.
E, é aí que começa o inferno... Ao invés de encarar a verdade e de ver a imagem temida do verdadeiro "eu", tenta-se quebrar o "espelho".
Como?
Fugindo da intimidade, culpando o outro, não assumindo as próprias responsabilidades e desacreditando o amor.
Viver com quem se ama não é apenas uma oportunidade de conhecer o outro, mas é a maior chance de entrar em contato consigo mesmo.
Apenas quando nos vemos, é que percebemos o medo de nós mesmos e nos aceitamos como realmente somos. Começamos então a nos capacitar para o amor.
O único jeito de amar é buscando a sinceridade. Infelizmente, com o passar dos anos, o amor tem sido muito mais estratégico do que espontâneo.
Nas revistas femininas via-se muito esse tipo de atitude: "Se ele fizer isso, faça aquilo", o que foi minando a espontaneidade do amor.
Nós temos que redescobrir a forma de amar, a naturalidade do relacionamento amoroso.As pessoas precisam ter interesse genuíno no outro.Todas as maneiras de amar devem ser naturais. Quem fica estudando demais o outro, "mata" a possibilidade de amar alguém.
O mundo é feito de absurdos e encontros; os absurdos fazem parte, porém, devemos entender que é possível ser feliz, acreditando dia-a-dia na naturalidade dos sentimentos.
Um dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir a iluminação; e ele respondeu: "Um cachorro".
Os discípulos surpresos quiseram saber o que havia acontecido.O mestre contou: "Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça dágua. Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida.
O cachorro fez cara de assustado e a imagem o imitou.
Ele fez cara de bravo e a imagem o arremedou. Então, ele fugiu de medo e ficou observando, durante longo tempo, a água.
Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente.
Em um dadomomento, a sede era tanta, que o cachorro não resistiu e correu em direção à água, atirou-se nela e saciou sua sede.
Desde então, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo e fugia assustado. E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim.
Esse cachorro me ensinou que eu precisava entrar em contato com minha sede e mergulhar no amor, sem me assustar com imagens que eu ficava projetando nos outros".
Esse é o ingrediente básico para o amor, o autoconhecimento.
Projetar nossos desejos ou nossas "fobias" no outro, apenas causa uma relação de dependência com o desenvolvimento do ciúme ou competição.
Roberto Shinyashiki
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