05 março 2011

Viajante do Tempo

Tenho que confessar algo. Sou um involuntário viajante no tempo.
Pelo menos é a sensação que tenho. Como se tivesse entrado em uma cápsula temporal há uma década e tivesse ido a parar no futuro.
Talvez Einstein me ajudasse a explicar melhor.
O futuro é hoje, é o presente.
Mas se você esteve no Brasil todo este tempo você se lembrará do seu passado aqui. Eu não.
Há 11 anos parti de Maringá rumo ao desconhecido.
Voltei em 2002, 2005 e 2006 em rápidas e superficiais visitas quando percorria nossas ruas com um automóvel, sem sentir o pulso presente na cidade.
Agora, desembarquei definitivamente e, andando sempre a pé, fico boquiaberto com as mudanças e maravilhado com detalhes que não me lembro de ter desfrutado tanto.
Maringá já não parece à urbe que deixei.
Está maior, reconheço. Sentirei falta da meninice da cidade que a minha memória guarda.
Nasci aqui, mas não me lembrava a dimensão do verde, integrado com o espaço urbano. Por favor, as árvores da Teixeira Mendes estão colossais.
Algumas seringueiras também. E para mim todas são “velhas amigas” que estiram seus braços para dar-me as boas vindas.
Quando caí no mundo, o “novo centro” era só um projeto engatinhando. Hoje, redimensiona, eclipsa e molda os contornos da cidade canção.
Calculo como estará o mercado imobiliário e imagino que é difícil encontrar outros modelos de requalificação de terrenos assim no Brasil.
É incrível, ainda, que o setor de serviços - um dos que encabeçam a crise européia – parece crescer aqui com a coragem do Quixote contra os moinhos de vento.
Em cada esquina vejo restaurantes e salões de belezas.
Vejo faculdades, cursos e maiores oportunidades em muitas áreas que, logicamente, crescem com a cidade.
A de segurança, por exemplo, deve de ter feito multimilionário a quem inventou a tal da cerca elétrica. Na “linda flor, a mais gentil do norte do Paraná", aflorou toda uma série de negócios que antes, se existiam, era timidamente.
Não quero parecer um político, ainda assim prefiro pensar que meu concidadão está contente com todas as mudanças. Que elogia o sistema binário, que desfruta com a qualidade de vida que sempre foi nossa bandeira. Que vive o seu presente com fé no futuro. Apesar da criminalidade, das mortes do trânsito, dos problemas típicos de um município em contínua, ordenada e imparável expansão.
Queria ter feito este viagem com todos os maringaenses. Mas vim parar direto nesta época.
Gostei do que vi e não pretendo regressar ao passado.
Recorro outra vez a Einstein, que dizia: “eu nunca penso no futuro, ele não tarda a chegar”.




Este texto é do amigo Silvio Rocha. 
Jornalista, ex-repórter do O DIÁRIO, Silvio, viveu a última década em Madri, na Espanha, e agora retorna a Maringá.
Bem-Vindo amigo...

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