17 março 2011

40 anos

A vida é para mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo só pode ser medido em se sofrendo.
Bem sei que tudo é engano, mas sabendo disso, persisto em me enganar…
Eu ouso dizer que a vida foi o bem precioso que eu adorei.
Foi meu pecado…
Horrendo seria, agora que a velhice avança,
Que me sinto completo e além da sorte,
Me agarrar a esta vida fementida.
Vou fazer do meu fim minha esperança,
Ôh sono, vem!…
Que eu quero amar a morte...
 com o mesmo engano com que amei a vida.


Mário de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente o texto.
Dê sua opinião ou deixe sua poesia, crônica, poema...