22 junho 2011

Não fique pela metade.

Se me quer comer come-me de uma vez.
Não fique pela metade.
Sem metade eu não sou nem tão pouco me dou.
Não me transforme em resto.
Coma-me com vontade, assim a frio, mesmo que eu não saiba se choro ou se rio.
Espeta-me tuas garras e devora-me sem piedade, não tema pela saudade, estarei dentro de ti.
Rói o mais duro de mim e saboreie minhas fraquezas, engole alegrias, fracassos e tristezas.
Bebe-me o sangue, o olhar, o pensamento, o riso, o juízo, o ser, o estar, o querer amar.
Rasga a minha pele com os teus dentes, mesmo que o sal não esteja a gosto.
Come-me o desgosto que é querer e não ter a quem me dar, agora que me tens e me dou ao teu paladar.
Trinca-me as mãos que escrevem coisas que eu não percebo e que recebo do além vindas de não sei quem.
Se me queres comer, come-me depressa, antes que o arrependimento chegue, fale e aconteça.
Coma-me..

(desconheço autoria)

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