Estamos mais gordos mais magros talvez mais denso ou mais pesado o nosso olhar temos pressa de ternura angústias de vez em quando e umas contas de telefone atrasadas para pagar. Temos falta de cabelo três ou quatro cicatrizes sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram como é rápido o deslize mesmo assim nunca deixámos de dar corda ao coração.
Daqueles que já partiram guardamos silêncio e nome e uma improvável mistura de amargura e rebeldia nas palavras desordeiras que dizem redizem cantam relembrando dia a dia como é feita de azinheiras a capital da alegria.
Muitas ondas já morreram outras tantas vão nascer muitos rios já se cansaram de correr até á foz águas claras que se foram outras águas se turvaram e agora restamos nós.
Somos muitos somos poucos calmamente radicais sabemos vozes antigas trazemos a lua ao peito amamos sempre demais.
Neste caminho tomado fomos traídos trocados vendidos ao deus dará.
Nem por isso desistimos e assim nos vamos achando perdidos de andar às voltas nas voltas que a vida dá.
Somos uns bichos teimosos peixes loucos aves rindo plantas poetas palhaços e portanto resumindo somos mais do que nos querem estamos vivos somos lindos.
José Fanha
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