08 outubro 2010

XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras, secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, e graças a teu amor vive escuro em meu corpo o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira, senão assim deste modo em que não sou nem és tão perto que tua mão sobre meu peito é minha tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

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