19 outubro 2010

Quando eu decidi

Quando eu decidi ficar límpido e buscar corpo a corpo a infelicidade para jogar os dados, encontrei a mulher que me acompanha a torto e direito na noite na nuvem e no silêncio.
Esta é Matilde, desde Chillán chama-se assim,
e chova ou troveje
ou saia o dia com seu pêlo azul ou a noite delgada,
ela, sempre-sempre,
pronta para minha pele,
para meu espaço,
abrindo todas as janelas do mar para que a palavra escrita voe,
para que se cubram os móveis de signos silenciosos, de fogo verde.


 
Pablo Neruda

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