20 abril 2012

Restolho

Geme o restolho triste e solitário a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania, que canta ao tom do velho campanárioGeme o restolho preso de saudade esquecido, enlouquecido, dominado escondido entre as sombras do montado, sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva nos campos que a ceifeira mutilou dormindo em velhos sonhos que sonhou na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo semear no pó e voltar a colher há que ser trigo, depois ser restolho, há que penar pra aprender a viver
E a vida não é existir sem mais nada a vida não é dia sim, dia não é feita em cada entrega alucinada pra receber daquilo que aumenta o coração.

Mafalda Veiga

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