13 abril 2012

Eu sou vertical

Mas não que não quisesse ser horizontal.
Não sou árvore com minha raiz no solo
Sugando minerais e amor materno
Para a cada março refulgir em folha, nem sou a beleza de um canteiro
Colhendo meu quinhão de Ohs e me exibindo em cor,Desconhecendo que me despeta-lo em breve.
Comparados a mim, uma árvore é imortal
E um pendão nada alto, embora mais assombroso,
O que eu quero é a longevidade de uma e a audácia do outro.
À luz infinitesimal das estrelas,
Flores e árvores trescalam seus frios perfumes.
Eu me movo entre elas, mas nenhuma me nota.
Chego a pensar que pareço o mais perfeitamente
Com elas quando estou dormindo —
Os pensamentos esmaecem.
É mais natural para mim deitar.
Céu e eu então animamos a prosa,
Hei de servir no dia em que deitar afinal:
E as árvores aí talvez em mim tocassem e as flores comigo se ocupassem.

Silvia Plath

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente o texto.
Dê sua opinião ou deixe sua poesia, crônica, poema...