10 junho 2009

O peso que a gente leva...

O perigo da viagem mora nas malas.
Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera. Experimento na carne a verdade das palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades.
É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.
Ando pensando sobre as malas que levamos...Elas são expressões dos nossos medos.
Elas representam nossas inseguranças.
Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas.
Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor – o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico – isso mesmo!
O fato é que elas representam nossas inseguranças.
Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais.
Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações. Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo...
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos.
Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música?
E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez? Desisto.
Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou.
Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos.
É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão.
A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados.
Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo.
Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território.
É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

Fabio de Melo

5 comentários:

  1. Anônimo10/6/09

    Mariza nicodemo de Astorga
    Ola edson bom dia.
    muito bonito o texto eu sempre passo por aqui
    Mando um pensamento de uma escritora que gosto muito

    E assim tudo começou...
    O seu olhar me laçou... encantou... e eu frágil... carente... sofri...sofreu?
    Oh!...onde estás a menina?... doente?
    Perdida no tempo?
    A menina simplesmente?
    E tudo continuou...
    E a menina...
    APAIXONOU!

    Rosane Marega

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  2. Anônimo10/6/09

    Oiee...
    Nossa surpresa em dose dupla...amei!
    Esse cantinho realmente é incrivel...parabéns!
    Beijossss

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  3. Giovani11/6/09

    Grande oportunidade para encontrar tanta coisa boa em um só lugar. Muito bem feito e sempre destacando as autorias. Parabéns

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  4. ESte padre é bom mesmo. Veja que texto lindo.
    Suellen

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  5. Amei este texto. Lindo por demaisd..a cara do autor..hehehe

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