Os anos são degraus,
a Vida a escada.
Longa ou curta,
só Deus pode medi-la.
E a Porta, a grande Porta desejada, só Deus pode abri-la ou fechá-la.
São vários os degraus;
alguns sombrios, outros ao sol, na plena luz dos astros, com asas de anjos, harpas celestiais.
Alguns, quilhas e mastros nas mãos dos vendavais.
Mas tudo são degraus;
tudo é fugir à humana condição.
Degrau após degrau, tudo é lenta ascensão.
Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Estrada, se encontre após esta ansiedade imensa uma porta fechada e mais nada?
Fernanda de Castro, in “Asa do Espaço”
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