26 agosto 2010

A vida e as Estações

Eu queria que a vida fosse dividida em quatro estágios, mas que não acabasse nunca.
A infância é como a primavera.
É pura novidade e um calor que não sufoca, nem faz pensar bobagens.
Têm uma inocência clássica, e trás no íntimo a certeza de que pela frente vem coisa boa.
A adolescência é como o verão.Quente, petulante, libidinosa.
Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme.
É musical e fotogênico. Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar.
Mergulha-se no profundo e no raso. Pouca roupa, pouca bobagem.
Curiosidade. Vontade que dura para sempre, certeza que passa.
A maturidade é como o outono.
Um longo e instável outono, que alterna dias quentes e frios.Que nos emociona e nos deixa resfriados.
Há mais beleza e, o ar é mais seco, porém é, quando se colhem os melhores abraços.Ficar sozinho passa a não ser tão aterrorizante. Fugimos para a praia, fugimos para a serra...
Não é preciso consultar pai nem mãe antes de errar. É o outono que tentamos conservar.
O inverno é como a velhice.
Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente...O inverno é frio como despedida de um grande amor. Mas sabemos que tudo voltará a ser ameno...
O inverno é branco, é prata. É grisalho. E, de repente também passa.
Eu queria que tudo fosse verdade, que a vida fosse assim dividida em quatro estágios que mais parecem estações do ano...
Que depois do inverno viesse outra primavera, e outro verão, e outro outono...
                                               Eu queria, eu queria!


Martha Medeiros

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