24 março 2010

Falando em Amor...

Falamos em fazer amor, mas amor se faz?
Amor sufoca, amor desatina, amor é martelo, sino retinindo, marcação constante que não dá brecha para contra-ataque, carrapato chupando sangue da pele.
Amor-obsessão, amor torneira pingando: até quando, até quando, até quando?
Amar é amargo, e promessas amorosas são voláteis.
Amor maldito que invade pensamentos, amor que nos carcome paulatinamente, câncer faminto, "ácido de um sim negativo", vida que brota destruindo.
Mas amar não é negar o medo, a razão, o tempo?
Amar é afirmação nascida de negativas, e não amar é sofrer mais.
Você me falava no amor livre e descompromissado dos hippies, mas a liberdade não estava na prisão dos teus braços?
Bah, liberdade sem limites acaba em anarquia, niilismo estéril, suruba sem tesão.
Amor é como uma fotografia que fixa limites para superá-los.
Amor é renúncia a muitas coisas, mas também a maior transcendência que podemos almejar neste mundo.
Amar é tornar dois um: mãe com seu filho no ventre.
Amor é parto, é dor; e nascemos chorando.


Alexandre Inagaki

Um comentário:

  1. Oiee...24/3/10

    O gostinho mais gostoso do amor
    é não tentar entende-lo, nunca fugir
    e nem explica-lo, ele chega
    vai entrando sem permissão, se faz
    proprietário do tudo que sentimos e
    BUM... é gostoso!
    Ah, gostinho mais gostoso de sentir...

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