08 maio 2009

Acordar, viver

Acordar, viver...
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, a fábula inconclusa, suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento, qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente?
E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora, algoz do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.


Drummond

3 comentários:

  1. Anônimo8/5/09

    Drumond é maravilhoso. Que falta nos faz.


    Ligia ( nova esperança)

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  2. Anônimo8/5/09

    Lendo um texto como este chega a dar nózinho na garganta. Pare e pense no que escreveu o poeta

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  3. Anônimo8/5/09

    Eee Valério. O espaçõ é muito interessante. parabéns, voce caprichou mesmo.

    Luiz Carlos

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