04 agosto 2008

No teu poema

No teu poema...existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida.
No teu poema existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura e aberta, uma varanda para o Mundo.
Existe a noite, o riso e a voz prefeita à luz do dia
A festa da Senhora da Agonia
E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio, a sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não resigno e os passos inquietos de quem falha.
No teu poema existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio o canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
O cais da nova nau das descobertas.
Existe um rio. A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera... do futuro.

Simone de Oliveira

Um comentário:

  1. Anônimo4/8/08

    Que lindo o texto postado!!!

    "A vida é uma grande ilusão,
    passamos grande parte dessa vida,
    temendo o sofrimento e a solidão,
    almejando somente amar e ser amada.
    Esquecendo que só quem ama sofre,
    e só sente solidão quem ama."

    Tânia Mara Lopes

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