04 maio 2011

Inesperadamente

Inesperadamente,a noite se ilumina:
que há uma outra claridade para o que se imagina.
Que sobre-humana face vem dos caules da ausência
abrir na noite o sonho e sua própria essência?
Que saudade se lembra e, sem querer, murmura seus vestígios antigos de secreta ventura?
Que lábio se descerra e – a tão terna distancia! – conversa amor e morte com palavras da infância?
O tempo se dissolve: nada mais é preciso, desde que te aproximas, porta do Paraíso!
Há noite? Há vida? Há vozes?
Que espanto nos consome, de repente, mirando-nos?
(Alma, como é teu nome?)

Cecília Meireles


Um comentário:

Comente o texto.
Dê sua opinião ou deixe sua poesia, crônica, poema...