O tempo passa?
Não passa.
No abismo do coração
Lá dentro perdura a graça
Do amor, florindo em canção
O tempo nos aproxima
Cada vez mais, nos reduz
A um só verso e uma rima
De mãos e olhos, na luz
Nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
De amor e tempo de amar.
O meu tempo, e o teu, amada,
Transcendem qualquer medida.
Além do amor não há nada,
Amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
Tanto o ontem como o agora,
E o teu aniversário
É um nascer toda hora.
E nosso amor,que brotou
Do tempo, não tem idade,
Pois só quem ama escutou.
Carlos Drummond de Andrade
Lindo!... como em todo amanhecer!
ResponderExcluirPessoinha, o seu blog faz bem pra alma.
Beijosss
O tempo passa? Não passa no abismo do coração.
ResponderExcluirLá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção.
O tempo nos aproxima cada vez mais, nos reduza um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.
Não há tempo consumido nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar.
O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário tanto o ontem como o agora, e o teu aniversário é um nascer a toda hora.
E nosso amor, que brotou do tempo, não tem idade,pois só quem ama escutou o apelo da eternidade.
o amor é feito de paixões e quando perde a razão não sabe se vai machucar,quem ama nunca sente medo de contar o seu segredo Sinônimo de amor é amar.
ResponderExcluirCecília Meireles tem razão: o tempo seca o amor, a beleza, as palavras. Mas deixa tudo tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas.
ResponderExcluirO tempo seca a saudade, seca as lembranças e as lágrimas. Deixa algum retrato, apenas, vagando seco e vazio como estas conchas das praias.
O tempo seca até o desejo.
O tempo passa?
ResponderExcluirNão passa no abismo do coração
lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.
Os versos acima são de Carlos Drummond de Andrade. O tempo é um tema recorrente na poesia de Drummond: “O tempo”, diz o poeta, “é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente”.
Toda a trajetória de Drummond é essencialmente marcada por uma tentativa de conhecer-se a si mesmo e aos outros homens, através da volta ao passado, da adesão ao presente e da projeção num futuro possível.
Há momentos sombrios como em “Nosso Tempo”:
Esse é tempo de partido,tempo de homens partidos.E momentos de esperança como em “Passagem do ano”:
O último dia do ano
Não é o último dia do tempo
O último dia do tempo
Não é o último de tudo
Outros dias virão
O tempo na poesia de Drummond é assim: ele não pára, no entanto, nunca envelhece.
A finalidade deste postagem sobre o tempo foi para confessar o quanto me comoveu o filme “A Partida”- Departures
Um jovem violoncelista é dispensado da orquestra na qual tocava e, ao andar pelas ruas sem esperanças, decide voltar para sua cidade natal na companhia da esposa. Lá, arruma um emprego como “nokanshi”, uma espécie de coveiro responsável pela cerimônia de lavagem e vestimenta de mortos.
Envergonhado, esconde sua nova profissão dos amigos e da mulher, que o abandonaram. No entanto, é com trabalho que o jovem descobre o sentido da vida.
A lição de “A Partida” (Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano) é simples: a vida é curta e cada momento deve ser aproveitado.O filme é maravilhoso....
Quero assinar embaixo da postagem do Ailton. O filme A PARTIDA...é simplesmente maravilhoso. Nos faz repensar o tempo...a vida...o perdão...o desejo...enfim...belissimo.
ResponderExcluirEu não conhecia esse texto do Drummond...Mto lindo o post!
ResponderExcluirbjos